Muitas violas para um Brasil plural
De origem portuguesa, viola ganhou diversidade no Brasil e está presente na cultura popular de várias regiões do País
De origem portuguesa, viola ganhou diversidade no Brasil e está presente na cultura popular de várias regiões do País
É o caso da viola dinâmica ou viola repentista, tipo tradicional de viola no Nordeste, utilizada sobretudo pelos repentistas e cantores do improviso. Também conhecida como viola nordestina, possui várias aberturas em seu tampo, cobertos por telas que guardam amplificadores feitos com cones de alumínio, que aumentam o som e modificam seu timbre, deixando-o mais metálico.
Presente nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a viola de cocho chama a atenção por seu formato. É feita a partir de uma tora de madeira escavada à maneira dos cochos utilizados para armazenar sal para os bois, daí seu nome. É o instrumento central do cururu e do siriri praticados na região. Possui cinco cordas simples, originalmente feitas de tripas, hoje de náilon, e um braço bastante curto se comparado ao das outras violas. Os trastes, que separam as casas do braço, são feitos de barbantes revestidos com cera de abelha.
Uma das violas com formato mais original, a viola de buriti surgiu na região do Jalapão, no Estado do Tocantins, e pode ser encontrada também, segundo alguns especialistas, no sul do Maranhão, no Piauí e noroeste de Minas Gerais. Construída de maneira artesanal a partir do talo da palma do buriti, seu corpo tem formato retangular, composto de três partes coladas com um preparado de cera de abelha. Possui quatro ou cinco cordas, feitas de náilon e obtidas a partir de linhas de pesca.
No Litoral Sul do Estado de São Paulo e no Litoral Norte do Paraná encontra-se a viola caiçara, descendente da viola beiroa portuguesa. Usada em folias do divino e no fandango, também é um instrumento produzido artesanalmente. No Paraná, ela pode receber o nome de viola fandangueira e, em São Paulo, na região de Iguape, é conhecida como viola branca. Uma especificidade da viola caiçara é a presença de uma “meia-corda”, conhecida como “cantadeira”, que não é presa na mão do instrumento, mas em uma peça chamada “periquita” ou “benjamim”, localizada na união do braço com o corpo da viola.
A viola machete, por sua vez, é típica do Recôncavo Baiano, sendo utilizada no samba de roda, samba de viola e no samba chula. Possui dez cordas de metal organizadas em pares e é o menor instrumento dessa lista.
Em Minas Gerais é possível encontrar uma variação da viola caipira conhecida como viola de Queluz, nome que identifica sua região de origem, a cidade de Conselheiro Lafaiete, antiga Queluz. Feita em oficinas locais e popular até o início do século 20, essa viola foi perdendo espaço com a chegada da produção do instrumento em escala industrial. Desde 2014, o modo de fazer tradicional da viola de Queluz é patrimônio imaterial do município.
Por fim, mas sem esgotar os tipos de viola que podem ser encontrados no Brasil, existe a viola de cabaça, que, como o nome já adianta, tem o corpo e a caixa de ressonância feitos de cabaça, um fruto aparentado da abóbora.